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"Observei, fiz rodar e decidi"



O definitivo toque francês da Naval é o mais trabalhoso. O rigor importado aos poucos para o plantel será imagem de marca, na era de Victor Zvunka.

O treinador admite que o processo não é fácil, mas nem seria preciso dizê-lo: o futebol traduzido em francês é tacticamente disciplinado, com menos espaço à fantasia, numa concepção que costuma criar dificuldades a equipas portuguesas - que o diga o FC Porto, recém-derrotado por PSG e Bordéus, e que será o primeiro alvo deste francês, na abertura do campeonato. Zvunka já está a preparar esse jogo.

Tem observado outros adversários, mas de olhos postos nos dragões. Por isso é que, nos últimos jogos de uma pré-época sem derrotas, a equipa pouco tem rodado. Está "muito contente" com o "esforço" para "assimilar tudo" o que mudou, ao nível do trabalho físico, "muito duro", e do desenho táctico, que agora inclui dois médios-defensivos, muita esperança em Hugo Machado e Giuliano para número 10, e alas a jogar para Previtali, enquanto Fábio Júnior não chega e Bolívia não dá ao jogo a "profundidade" exigida. Exigência é palavra-chave da nova Naval, predicado por excelência de um treinador que não espera dos outros mais do que se impõe a si próprio e que fala do trabalho com saudável desassombro.

"Nos primeiros jogos, fiz rodar. Agora que vi, concentro-me numa equipa, para preparar a primeira jornada. Há jogadores que tiveram uma oportunidade, não me agradaram e terão de esperar. Por agora, estes são os que me agradaram", afirmou, a propósito da equipa que venceu o Santa Clara (1-0), no sábado, com golo de Lupède, o francês que será uma das primeiras apostas. "Tem o carácter de um verdadeiro defesa", diz quem também foi central e vê nele um exemplo.

Ao lado, Rogério Conceição ilustra "o lado brasileiro", que "de vez em quando, quer juntar um drible" que baralha o treinador, sem que lhe roube lugar no onze que ganha corpo para o FC Porto, com Salin na baliza: "Observei, fiz rodar e decidi". Zvunka assume também a dificuldade em chegar a conclusões.

"Há jogadores que me dão vontade de os pôr a jogar, mas terão de esperar a oportunidade. Por vezes, um quarto de hora é importante", diz, em jeito de lembrança para o balneário, onde sabe que esta fórmula de gestão "é difícil": "Quando não jogamos, não ficamos contentes".

Seria mais pacífico disfarçar opções, fazer rodar mais o onze, como outros, nesta fase, mas, a este francês já chega a barreira do Português, que domina apenas no "essencial para falar com os jogadores".

Por isso e, sobretudo, por uma questão de carácter, dispensa atalhos, no jogo como nas relações com o plantel: "Quando não gosto de algo, falo com o jogador, no meu gabinete. Se não reagir, outro terá o lugar".

Fonte: O Jogo

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