A demolição física da Carreira de Tiro verificou-se ontem, com a “actuação” das máquinas no terreno, derrubando os muros que delimitavam o espaço.
Todavia, este é um processo que se arrasta desde 2007, quando a Associação Naval 1.o de Maio interpôs uma providência cautelar para evitar a demolição da Carreira de Tiro, visando defender os interesses dos seus atiradores, enquanto não fossem criadas alternativas.
Um tema que tem motivado alguma polémica e “feito correr muita tinta”, com o Ginásio e a Naval a defenderem vários pontos de vista contrários e que “acabou” com o indeferimento, por parte do Tribunal Judicial da Figueira da Foz da providência cautelar interposta pela Naval «contra a Câmara Municipal e o Ginásio, visando impedir as obras da nova piscina no terreno onde actualmente se situa a Carreira de Tiro Municipal», como reza um comunicado emitido na altura pelo Ginásio Figueirense.
A autarquia - que sempre esteve envolvida no processo – chegou, recorde-se, a celebrar protocolos com a GNR, no sentido desta força de segurança disponibilizar as suas carreiras de tiro para os atiradores navalistas treinarem. Por outro lado, a edilidade também encetou conversações com o Clube de Caçadores para disponibilização do espaço na carreira de tiro em Quiaios, onde poderiam ser criadas condições de acordo com as necessidades específicas do tiro de competição.
O principal projecto do Ginásio nesta altura é a construção da nova Piscina coberta, destinada a substituir a actual, cuja capacidade se encontra esgotada.
O terreno para a construção, contíguo ao Pavilhão “Galamba Marques”, foi cedido pela Câmara Municipal, mediante escritura de doação celebrada em 24 de Maio de 2004, e a piscina vai ser comparticipado por fundos estatais.
O projecto do Ginásio prevê uma piscina com as dimensões de 25.00 x 16,67 metros, destinada a competição, e outra com 16.67 x 8 metros, para aprendizagem, entre outras infraestruturas de apoio. A primeira pedra do empreendimento foi lançada em Maio de 2007, pelo secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias.
Ontem, a Carreira de Tiro Municipal veio abaixo, dando-se, assim, um passo decisivo para o avanço as obras. José Tomé, presidente da direcção do Ginásio disse ao nosso Jornal que, em cumprimento com os prazos do alvará, foi solicitada «autorização à Câmara Municipal para a demolição», que está a ser feita «de acordo com a lei».
Por outro lado, adianta aquele responsável, a demolição foi encetada «salvaguardando os possíveis objectos ou bens que ali estivessem».Interpelado relativamente aos resíduos, alegadamente tóxicos, que se encontram nos terrenos, uma vez que estes estão “crivados de chumbo”, José Tomé explicou «que tudo está previsto» e será feito «de acordo com as regras estabelecidas».
Direcção da Naval reage à demolição - Nuno Mateus, director geral e responsável pelo Gabinete Jurídico da Naval 1.o de Maio, ontem à tarde, em conferência de Imprensa, teceu fazer algumas considerações sobre a demolição da carreira de tiro, «numa altura em que nem a data do julgamento do processo judicial n.o 2257/08, movido pela Naval, é conhecida», disse.
«A culpa é de quem tomou esta decisão e será assumida pelos responsáveis», mas, continuou Nuno Mateus, «vai colidir com os interesses dos atiradores navalistas (um olímpico e dois a prepararem-se para o Europeu)».
A Naval não deu conhecimento oficial desta atitude a nenhuma autoridade, segundo explicou o porta-voz navalista, que justificou a ausência do presidente da direcção do Clube, Aprígio Santos, que ontem se encontrava em Lisboa.
Aquele responsável aproveitou a ocasião para denunciar outros problemas resultantes da demolição da Carreira de Tiro, nomeadamente, os resíduos tóxicos do chumbo, acumulados numa carreira com mais de 50 anos. «Não há medição e o chumbo é um metal perigoso», alertou.
Por outro lado, continuou o director-geral navalista, «isto não é contra ninguém, mas sim em defesa dos interesses da Naval, porque se a Câmara Municipal nos pagar os 653.146,70 euros que nos deve, a Naval faz uma carreira de tiro».
Fonte: Diário de Coimbra
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